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25 dezembro 2009

Embalagens!!

Embrulho antigo do Queijinho, feito por Lygia Pape

Design aposentado

Embalagens clássicas de produtos saem de cena e geram debate sobre memória afetiva e patrimônio do design no paí.

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Diante da prateleira de um supermercado, Daniela Name levou um susto. "Foi horrível", lembra a curadora, que correu para casa e postou em seu blog que a Piraquê estava aposentando as embalagens dos biscoitos Queijinho e Presuntinho, desenhadas pela artista Lygia Pape nos anos 60. "São mudanças criminosas, assassinas", diz ela. "É muito sério."
No lugar dos arranjos em vertente construtiva dos pequenos biscoitos, projeto de Pape, está agora uma disposição mais convencional, com uma grande tarja com o nome do produto quebrando o desenho. "Nem por hipnose alguém me convenceria de que essa coisa horrorosa é mais eficiente", esbravejou Name, na web.
É uma reação parecida com a do designer Alexandre Wol- lner, que viu sua embalagem clássica das sardinhas Coqueiro dar lugar a um design brilhante e modernoso, que rompe com os traços minimalistas de seu desenho, pondo no lugar uma linguagem mais figurativa.
"É uma esculhambação total da Coqueiro", diz Wollner. "Não pode trocar um desenho por uma coisa mais bonitinha."
Bonitinhas ou assassinas, marcas mudam. E geram um debate entre artistas e designers sobre o que é patrimônio visual e como lidar com o que já foi ícone do design brasileiro em meio às mudanças que seguem o ritmo do mercado.
Se por um lado saem de cena os últimos exemplos dessa corrente modernista, por outro empresas retomam logomarcas ornamentadas do passado.



Novo desenho põe em xeque "potência afetiva"

Designers falam em patrimônio visual e ideia de design como expressão do tempo

Momento atual permite convivência da sintaxe modernista com projetos vintage, de retomada de marcas do século passado

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo sem saber que Lygia Pape estava por trás dos biscoitos flutuantes nas embalagens da Piraquê, várias gerações se acostumaram a ver nos mercados a serialização geométrica dos pacotes. Do mesmo jeito que a lata de sardinhas Coqueiro, desenhada em 1958, ficou mais de 40 anos em circulação.
É tempo suficiente para criar, mais do que uma identidade corporativa, uma memória afetiva desse desenho. "O que está em jogo não é tradição, e sim afeto", postou Daniela Name em seu blog, saindo em defesa das embalagens que marcaram sua infância. "Essa é a base da história e da longevidade de um produto de design."
Tanto que gente como o publicitário paulistano Eduardo Foresti guarda em casa as embalagens mais emblemáticas que encontrou pela vida, dos biscoitos Piraquê aos cosméticos Granado. "As pessoas se irritam quando muda algo com o qual existe uma relação sentimental", diz Foresti. "Um exemplo é a bala Chita, que era um macaquinho. As pessoas se ressentem dessas mudanças."
Quando a Varig decidiu substituir o desenho de um homenzinho voando pela rosa dos ventos na cauda de seus aviões, em 1962, pilotos se recusaram a voar sem o Ícaro, e a empresa foi obrigada a repintar o desenho no bico das aeronaves.
Mas pessoas também crescem, o tempo passa e marcas precisam lutar para manter o frescor. "Todas as empresas precisam se manter na concorrência, que é fortíssima", analisa o designer André Stolarski.
"O problema não é a mudança, mas como ela é feita, porque se o novo projeto perde uma característica que é distintiva em termos de mercado ou patrimônio visual, está perdendo feio, perde a potência afetiva."
Stolarski vê um retrocesso nos novos pacotes da Piraquê e da Coqueiro, mas elogia, por exemplo, as mudanças da Pepsi, que reformou há pouco sua logomarca e simplificou embalagens e identidade visual.
"Não faço parte do time que fica lamentando essas coisas", diz Chico Homem de Melo, professor de design e autor de livros-referência sobre o assunto no país. "Essa é uma visão de raiz racionalista, que vem da Bauhaus, o design que se colocava como eterno."
Longe de eterno, Homem de Melo chama o design de "expressão de seu tempo". "Essa é uma história de mudanças, não de permanências", frisa. E lembra que parte da polêmica em torno da aposentadoria de desenhos concretistas de Pape e Wollner está ancorada num momento histórico que passou.
"Esses artistas construtivos achavam que a arte industrial era a saída", diz Homem de Melo. "Então ir para o design não era sair para outra coisa, era mostrar para onde vamos."
Nessa linha, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Waldemar Cordeiro, no Brasil, e nomes como El Lissitsky e Kurt Schwitters, no exterior, também fizeram incursões no campo do design, sujeitos à mesma passagem do tempo.
"É o curso das coisas, é natural que ideias novas tomem o lugar das antigas", diz o artista Rafael Lain, da dupla Detanico & Lain, conhecida por sua atuação também no design. "Um design feito há 50 anos responde a questões de 50 anos atrás, que não são pertinentes hoje."
E esse hoje é um terreno aberto. Convivem no design contemporâneo a sintaxe modernista de Pape, Wollner e Aloisio Magalhães e as formas ornamentadas, rococó, dizem alguns, do revival promovido por empresas como a Fiat, que voltou a usar a mesma tipografia de 1901 em sua logomarca.
"Tem um tom de humanidade, calor, que o design modernista não tem", diz Homem de Melo. "Estamos vivendo um revival, ou talvez seja só voltar a alguma coisa lá atrás e reinscrever isso na modernidade."
(SILAS MARTÍ)

Fonte: Folha de São Paulo on line

Educadores e Educação



A representação brasileira da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou, em setembro, o livro Professores do Brasil: impasses e desafios. A publicação traz um rico panorama do cenário educacional, e sobretudo, faz um balanço realista de como se dá a formação do professor e também as condições atuais da profissão – uma análise que vai desde as estruturas de emprego, passa por questões legais e chega à discussão dos salários.
A publicação admite a inclusão escolar ocorrida nas últimas décadas, mas faz a seguinte ressalva:
Esse crescimento do sistema escolar foi sem dúvida um mérito, provindo de grande esforço social, político e de administração, porém é chegado o momento de se conseguir que esse sistema tenha melhor qualidade em seus processos de gestão, nas atuações dos profissionais e nas aprendizagens pelas quais responde. Um dos aspectos a se considerar nessa direção, entre outros, é a formação dos professores, sua carreira e perspectivas profissionais.
A obra [PDF] está disponível gratuitamente na internet.


Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line

21 dezembro 2009

Mensagem de fim de ano!


*Talvez esse seja o último post desse ano... dia 28 vou viajar rumo ao Nordeste (eeehhh) e voltarei só dia 18! Até 2010 com mtos posts!

18 dezembro 2009

Um olhar para as imagens


Estamos num mundo tecnológico e movido à informações, somos bombardeados por imagens, isso não é novidade pra ninguém, mas na maioria das vezes poucos possuem um universo e bagagem para decodificá-las, apreciá-las, absorve-las ou não.

Por isso sugiro um novo olhar para o mundo ao nosso redor. Às pessoas, à rotina, ao nosso dia-a-dia... perdeu-se a poesia do olhar e simplesmente sentir, foi substituida pelo consumir, querer e pelo tempo. Essas vontades sempre existiram no ser humano, o que muda é apenas a época, não serei hipócrita em dizer que antigamente tudo era lindo... não!

Ao meu ver tudo é rotativo, vai e volta, gira em torno de algo maior, de uma energia, e se existe um dia vai deixar de existir e se tranformar em algo. Louco, mas é no que acredito. E isso é a história, as pessoas, é a revolução das coisas e da vida.

E voltando à estética, ao design e a arte... as imagens merecem atenção e elas também possuem um alfabeto próprio que deve ser estimulado e ensinado nas escolas como matéria de arte, e claro como assuntos nas faculdades de artes, design, arquitetura e etc, e isso já acontece.

De acordo com a Sandra Ramalho e Oliveira:

É necessário – e eu continuo defendendo isto - que as pessoas possam

conhecer e usar um referencial mínimo para poder decodificar o universo

de imagens que invade o seu cotidiano. Intuitivamente eu achava que a mesma base

estrutural que sustentava as imagens da arte também estava presente na base das imagens estéticas do

cotidiano. Depois, confirmei através de teorias e de exemplos. Primeiro, foi necessário estabelecer

teoricamente esta classificação. Mas, afinal, o que é arte? Pergunta irrespondível, definitivamente, é

claro, pois pode ser respondida dos mais diferentes modos. No meu caso, eu precisava saber, ou

diferenciar, o que era arte do que não era (e o que seriam essas imagens

que não eram arte?). Jan Mukarovský foi o teórico que me auxiliou, neste sentido. É uma das

questões que eu trato no primeiro dos meus textosdesign, que recebeu o título de IMAGENS

DO DESIGN, IMAGEM DA ARTE?

Não menos polêmico é o assunto seguinte: estética. Quais os diversos sentidos e

interpretações que esta palavra carrega consigo, através da história? E o que hoje atribuímos a ela? Se

3

imagens nos interessam, seja quanto à criação ou à leitura (e não é melhor escritor aquele que muito

?), os significados da palavra estética, as funções das imagens, sua condição de imagem

estética ou imagem artística têm que interessar também. Disso aborda o texto que tem como título

AFINAL, O QUE É ESTÉTICA?, que acabou começando também com um questionamento,

como o anterior. Tudo a ver... não são as dúvidas que nos fazem pesquisar, buscar conhecimentos?





E Tom Lopes:

O filósofo Walter Benjamin afirmou certa feita que “o analfabeto do futuro não seria aquele que não sabe ler imagens.”, ou por outra, “aquele que não soubesse fotografar”. O impacto do prognóstico é uma revelação nos dias atuais, haja vista o grande acesso do público à reprodução fotográfica e, por conseguinte, às imagens dela. Nesse mesmo sentido Brecht observa: “a situação se complica pelo fato de que menos que nunca a simples reprodução da realidade consegue dizer algo sobre a realidade.” Assim, cabe indagar como as artes visuais respondem a este impasse? A possível resposta, ainda com Benjamin, não está como se imagina na criatividade do artista, mas em sua capacidade de construir, fabricar algo de artificial.




04 dezembro 2009

Amor

Amor


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração para de funcionar
por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da
sua vida.

Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso
entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o
dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos
encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de
ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um
presente divino: o amor.

Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais
que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las
com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer
momento de sua vida.

Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela
estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que
está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim,
tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir
morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma
dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer
verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as
loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.


Autor: Carlos Drummond de Andrade

01 dezembro 2009

30 novembro 2009

As pessoas

Eu gosto de trabalhar com pessoas e estar com elas, mas hoje em especial percebi, graças à uma delas que como não devemos esperar nada de ninguém. E como o ser humano é um bicho doido, complicado, egoísta e ruim! Melhor... acho que é uma pessoa em especial que me deixa louca e muito reflexiva, querendo entender os porquês de suas atitudes infantis e egoístas.

E tudo isso só me faz ter certeza que não posso desistir dos meus ideiais, das pessoas que eu amo e do que eu amo e desejo, e não posso me apegar a nada e há ninguém. É duro, frio, calculista... ai penso: será que posso acreditar em alguém?

Sim, claro que posso. Mas as vezes é díficil e eu já fui a pessoa mais esperançosa e otimista do mundo, e tem horas que fraquejamos que ficamos de saco cheio e estou numa fase revoltada não com a vida, mas apenas com alguns...

13 novembro 2009

DO SENTIDO DE LUGAR NA CONDIÇÃO CONTEMPORÂNEA * O interesse renovado pelo Lugar em certas vertentes da arte contemporânea ao longo da última década,

DO SENTIDO DE LUGAR NA CONDIÇÃO CONTEMPORÂNEA *

O interesse renovado pelo Lugar em certas vertentes da arte contemporânea ao longo da última década, acompanha o debate nas diversas áreas de conhecimento, nomeadamente das ciências sociais e humanas, sobre a ideia de perda do seu sentido na sociedade actual. Aparentemente, em consequência das vivências actuais do espaço e do tempo.

Se, por um lado, nunca estivemos tão conscientes da enorme diversidade das culturas locais no planeta e, portanto, da diversidade de lugares, por outro também aumenta a noção de distância por processos universalizantes de migração e novas tecnologias da informação e da comunicação que tendem a separar as experiências dos ambientes físicos. Utilizando uma expressão do sociólogo Mike Featherstone (1), parece que “estamos todos no quintal de cada um” e, no entanto, desconhecemos muitas vezes (metaforicamente falando) a diversidade do que está plantado no nosso quintal. Ou não nos identificamos com ele, achamos que o seu cuidar não nos diz respeito. O que parece estar em causa são os moldes em se pode (re)estabelecer hoje a experiência do Lugar, acreditando que dos valores qualitativos de tal experiência derivam valores de cidadania, importantes para as necessidades advindas da diversidade e sincretismo dos fluxos culturais. De pessoas, informação, imagens, que povoam os espaços, hoje, particularmente as cidades.

Se o sentido de Lugar resulta da partilha de uma cultura local que se relaciona com um conhecimento disponível para um grupo de pessoas que são os habitantes de um espaço físico delimitado, tendo esse conhecimento “persistido através do tempo e podendo incorporar rituais, símbolos e cerimónias que ligam as pessoas a um lugar e a um sentido comum do passado” (2), então como se constrói um sentido de Lugar para os recém-chegados, desintegrados dessa memória colectiva? Além de ser “também muitas vezes assumido que vivemos em localidades onde os fluxos de informação e de imagens obliteraram o sentido de memória colectiva e a tradição de localidade ao ponto de “não haver um sentido de lugar” (3).

Talvez o sentido de Lugar possa emergir de pequenos rituais de “práticas incorporadas entre vizinhos, amigos e companheiros. Os pequenos rituais vinculados no comprar uma rodada de bebidas de modo particular, ou voltar a ocupar os mesmos lugares num bar em cada semana, ajudando a formalizar relações que cimentam os laços sociais entre pessoas” (4).

São experiências comuns que se sedimentam e associam a um espaço físico, passíveis de serem acessíveis também para aqueles de curta permanência temporal nesse espaço: a população móvel, uma grande percentagem dos habitantes das cidades actuais, com o seu mosaico de culturas, histórias, línguas, religiões. Tendo em conta que a mobilidade que caracteriza esta população decorre dos processos de globalização, redefine a ideia de Lugar no mundo contemporâneo. Assim, torna-se importante que aqueles que vivem experiências de desterriotrialização e despossessão, de instabilidade geográfica e de ausência de sentido da memória colectiva, possam também, de algum modo, ter a sensação de “estar em casa” onde vivem e trabalham, independentemente do tempo que aí possam permanecer. Neste sentido, será interessante ter em mente a ideia de Featherstone de que o conceito de cultura local é um conceito relacional, pois mesmo o “desenho de uma fronteira em volta de um espaço particular é um acto relacional que depende da figuração de outras localidades significantes dentro da qual o procuramos situar” (5).

Para a (re)construção do sentido de Lugar é necessária a capacidade de transformar enquadramentos e a de movimentação entre uma série de vozes diversas, de “manusear uma variedade de material simbólico do qual várias identidades podem ser formadas e reformadas em diferentes situações, o que é relevante na situação global contemporânea” (6). Como considera o antropólogo Arjun Appadurai (7), a ordem global deve ser entendida como uma ordem complexa, disjuntiva e imbricante.

O sociólogo Jan Nederveen Pieterse sugere que a globalização seja vista como um processo de hibridização que dá lugar a uma mistura global. “A hibridização como perspectiva pertence ao resultado fluído das relações entre culturas: é a mistura de culturas e não a sua separação que é acentuada. Ao mesmo tempo, a hipótese sublinhada sobre cultura é a de cultura/lugar” (8).

Pieterse considera que existem dois conceitos de cultura que de um modo geral têm sido usados indiscriminadamente: cultura territorial e cultura translocal. O primeiro assume que a cultura provém de um processo de aprendizagem e vivência essencialmente localizado. Uma cultura de um grupo social ou de uma sociedade. O segundo entende a cultura como um software humano geral, um processo de aprendizagem translocal. Os dois conceitos não são, segundo Pieterse, incompatíveis, pois o segundo encontra expressão no primeiro, uma vez que as culturas são o veículo da cultura, “mas reflectem diferentes ênfases em relação a processos históricos de formação de cultura e por este motivo geram avaliações marcadamente diferentes de relações culturais. Meta-hipóteses divergentes sobre cultura sublinham os vocabulários variados nos quais as relações culturais são discutidas.” (9).

No entanto, estamos convictos que o sentido de Lugar no mundo contemporâneo se deve estruturar em relação com o conceito de cultura translocal, na medida em que a este estão associadas as noções de cruzamento, interstícios, heterogeneidade, tradução, mediação, identificação ou mestiçagem. Este conceito envolve um sentido de Lugar que “olha” em volta, de acordo com o que a geógrafa Doreen Massey (10) chama “um sentido global de lugar”. Para Massey a especificidade do lugar deriva do facto de cada lugar ser o focus de uma mistura singular de relações sociais mais amplas e mais locais.

Como se disse, a nossa relação com o espaço e o tempo tem sofrido tranformações significativas, acompanhando o ritmo acelerado do desenvolvimento das tecnologias de informação, a diversidade excessiva de estímulos visuais, o surgir de novos padrões de consumo e de mobilidade, entre outros, gerados pelos sistemas globais. Estes factores tendem a condicionar, de modos específicos, a experiência pessoal, directa, com o mundo à nossa volta.

Que lugares podem derivar de espaços e tempos não coordenados entre si será, provavelmente, uma das questões centrais que se coloca, como desafio, à arte contemporânea que trabalha com o Lugar. Uma via possível para os artistas envolvidos em tal investigação será a exploração de recombinações de espaço e tempo que possibilitem a ocorrência de actividades sociais, com referência nas particularidades dos lugares entendidos enquanto fusões de espaço e experiência. Possibilitando deste modo o desenvolvimento de memórias de experiências vividas (e partilhadas) não tão facilmente esquecíveis quanto as “memórias imaginadas” derivadas das experiências filtradas pelos mass-media. Segundo Andreas Huyssen (11), as memórias de experiências vividas são as necessárias para construir diferentes futuros locais num mundo global.

O espaço e o tempo são categorias fundamentais que dão forma e conteúdo à mudança histórica e são, inevitavelmente, mutáveis. Se é um facto que vivemos num mundo onde os lugares se caracterizam por fronteiras instáveis e culturas transformáveis que não possuem um fluxo regular de tempo nem conjuntos de relações permanentes, o assunto não é “a perda de uma qualquer idade de ouro de estabilidade e permanência. O assunto é antes a tentativa, na medida em que enfrentamos os muitos reais processos de compressão do espaço e do tempo, para assegurar alguma continuidade dentro do tempo, para possibilitar alguma extensão do espaço vivido dentro do qual nos podemos mover e respirar” (12).


Marta Traquino
Artista Plástica e Investigadora em Arte Contemporânea.



NOTAS
* O presente texto é um fragmento da dissertação A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea (Marta Traquino, ISCTE 2006).
(1) Featherstone, Mike, Undoing Culture, London, Sage, 1995.
(2) Featherstone, Mike, Idem, p.92.
(3) Meyrowitz (1985) citado em Featherstone, Mike, Idem, p.93.
(4) Featherstone, Mike, Idem, p.94.
(5) Featherstone, Mike, Idem, p.92.
(6) Featherstone, Mike, Idem, p.110.
(7) Appadurai, Arjun (1996), Modernity at Large: Cultural Dimensions of Globalization, in Public Worlds, Volume I, University of Minnesota Press, 1997.
(8) Pieterse, Jan Nederveen in Featherstone, Mike; Lash, Scott; Robertson, Roland, (eds.), Global Modernities, London, Sage, 1995, p.62.
(9) Pieterse, Jan Nederveen in Featherstone, Mike; Lash, Scott; Robertson, Roland, (eds.), Idem, p.61.
(10) Massey, Doreen, Space, Place and Gender, Cambridge, Polity Press, 1994.
(11) Huyssen, Andreas, Present Pasts: Media, Politics, Amnesia, in Public Culture, vol. 12, nr. I, Winter 2000, Durham.
(12) Huyssen, Andreas, Idem, p.34.

29 outubro 2009

O sofrimento vem da crença em
acreditar que tudo é pra sempre.
E ao mesmo tempo, o desapego,
nos liberta e mostra que no fundo
nada acaba, nada existe...
tudo é efêmero e passageiro

Mas não quero, não acredito e não aceito
Há sim certas coisas que são verdadeiras
Há sim sentimentos eternos...

E só existia o desejo
O desejo de ser
O desejo do beijo
O desejo da entrega
E apenas restou
o olhar, a intenção
e o desejo

15 outubro 2009

A imagem no ensino da arte e o olhar


Muito já foi discutido sobre esse tema, e ao meu ver, a imagem, a história da arte, a estética, a criação tem tudo haver com o ensino das artes nas escolas.

Antigamente falavam que isso ia acabar com o desenvolvimento expressivo do aluno, mas ao contrário do que se pensava, a forma de atribuir referências, estimular a leitura, apreciação e interpretação e claro, conhecer a história da arte, só vai melhorar na criação artística dos alunos.

Como desenvolver um povo e uma nação, sem o conhecimento da sua própria história e da sua arte?

Ana Mae troxe pra nós a trilogia no ensino da arte, ou melhor a forma triangular de se ensinar:

olhar crítico/leitura crítica:
  1. olhar para nós mesmos
  2. olhar pro mundo
  3. olhar para o outro
O artista olha o que todo mundo vê mas mostra através de uma nova leitura de mundo. Mostra o que ninguém vê

E como trabalhar em sala de aula? Desenvolver os seguintes passos em sala de aula:

  1. Descrição: pedir para eles falarem o que veem na imagem
  2. Analisar: reconhecer as técnicas, os elementos visuais e aspectos formais e estruturais - domínio da sintaxe da linguagem visual.
  3. Interpretação: dar sentido para o que se olha.
  4. Contextualização: buscar as informações sobre a imagem - instigar os alunos a pesquisar.

Tudo isso é uma forma bem resumida, claro que há outros fatores, mas o importante é trabalhar de uma forma geral o ensino da arte e fazer os alunos pesquisarem e terem curiosidade sobre o que está se ensinando. E mostrar o quanto é importante a Arte pra vida deles.

10 outubro 2009

Webquest

Ainda não falarei sobre o que seria uma webquest, mas é uma ferramenta da educação.
Montei a minha sobre a Lotter Reineger, afinal ninguém conhece nada sobre animação, muito menos de uma alemã que fazia tudo com papéis.

O endereço:
www.cine-animacao.yolasite.com

Lotte Reineger

06 outubro 2009

O fim da Arte (como meio de conhecimento)

Matéria publicada em 01/10/2001 - Edição Número 26

Por Almandrade


Não temos a capacidade de destilar em palavras as experiências visuais que fazem o belo repousar naquilo que é apreendido pelo olhar. Uma obra de arte é tudo que ela contém: forma, textura, cor, linhas, conceitos, relações, etc. É aquilo que se vê, e o que se diz não corresponde exatamente ao que se vê. Não representa nada como imagem de outra coisa. E para ler um trabalho de arte é necessário se partir de um modelo (referências, informações...). Existem códigos a priori (aqueles utilizados pelo artista) e códigos a posteriori (aqueles utilizados pelo espectador).

A virtude da arte é afirmar um conhecimento, propondo instrumentos que seduzem a inteligência. A invenção de uma linguagem é o resultado de um exercício paciente de contemplar outras linguagens. Como todo discurso é resultado de outros discursos. Exige-se um método. A arte é o que está além dos limites de tudo o que se considera cultura; não pode se restringir a um exótico experimento ou aparência da superfície de um trabalho, que fica para trás, como uma coisa vazia, no primeiro confronto com o olhar que pensa.

A arte, entendida, como meio de conhecimento, hoje em dia, vem cedendo lugar a uma experiência ligada ao lazer e a diversão, que envolve outros profissionais como responsáveis pela sua legitimação: o curador, o empresário patrocinador e organizador de eventos, marchands, profissionais de publicidade, administradores culturais e captadores de recursos. Com as leis de incentivo a cultura e a presença marcante da iniciativa privada, paradoxalmente, levou a arte a um limite, o fim da obra, do trabalho ligado a um saber. E o artista, nem artesão e nem intelectual, sem dominar qualquer conhecimento, está cada vez mais sujeito ao poder do outro. As grandes mostras são grandes empreendimentos para atender à indústria do entretenimento, (mais empresarial e menos cultural), que movimentam uma quantidade significativa de recursos e envolve um número assustador de atravessadores.

As contradições modernidade / tradição, contemporâneo / moderno, neste início de século, cede lugar a uma outra contradição: artistas que pertencem ao metier e artistas estranhos ao metier, inventados por empresários da cultura, cujos trabalhos se prestam para ilustrar uma tese ou teoria imaginária de um suposto intelectual da arte e garantir o retorno do que foi investido pelo patrocinador e pelo comerciante de arte. Uma mercadoria fácil de investir, sem risco de perda, basta uma boa campanha publicitária. O artista pode ser substituído por um ou por outro, a obra é o menos importante. Aliás, é o que a indústria do marketing tem feito com as mostras dos grandes mestres como: Rodin, Manet, etc., pouco importa as obras desses artistas e sim o nome e o patrocinador. A publicidade leva consumidores/espectadores como quem leva a um shopping center. A quantidade de público garante o sucesso. O público é como o turista apressado, carente de lazer cultural que visita os centros históricos com o mesmo apetite de quem entra numa lanchonete para uma alimentação rápida.

Na “sociedade do espetáculo”, regida pela ética do mercado, o artista sem curador, sem marchand, sem patrocinador, é simplesmente ignorado pelas instituições culturais, raramente é recebido pelo burocrata que dirige a instituição. Seus projetos são deixados de lado. Também pudera, essas instituições, sem recursos próprios, tem suas programações determinadas pelos patrocinadores. Numa sociedade dominada pelo império do marketing, a realidade e a verdade são mensagens veiculadas pela publicidade que disputa um público cada vez maior e menos exigente. A vida é vivida na especulação da mídia, na pressa da informação. E neste meio, a arte é uma diversão que se realiza em torno de um escândalo convencional, deixando de lado a possibilidade do pensamento.

O fantasma do “novo”, que norteou a modernidade foi deslocado para o artista que está começando, pelo menos novo em idade, o artista/atleta, a caça de novos talentos e de experiências de outros campos sociais. Totens religiosos, a casa do louco, a rebeldia do adolescente... Tudo é arte, sem exigir de quem faz o conhecimento necessário. Todo curador quer revelar um jovem talento, como se a arte dispensasse a experiência. Um “novo”, sinônimo de jovem ou de uma outra coisa que desviada para o meio de arte, funciona como uma coisa “nova”. Um novo sempre igual, a arte é que não interessa. Praticamente trinta anos depois do aparecimento da chamada arte contemporânea no Brasil, recalcada nos anos 70 pelas próprias instituições culturais, um outro contemporâneo surgido nos anos 90 passou a fazer parte cotidiano dos salões, bienais, do mercado de arte, das grandes mostras oficiais e de iniciativa privada. Uma contemporaneidade sintomática.

Estamos vivendo um momento em que qualquer experiência cultural: religiosa, sociológica, psicológica, etc. é incorporada ao campo da arte pelo reconhecimento de um outro profissional que detém algum poder sobre a cultura, (tudo que não se sabe direito o que é, é arte contemporânea). Como tudo de “novo” na arte já foi feito, o inconsciente moderno presente na arte contemporânea implora um “novo” e nesta busca insaciável do “novo”, experiências de outros campos culturais são inseridos no meio de arte como uma novidade. Deixando a arte de ser um saber específico para ser um divertimento ou um acessório cultural. Neste contexto, o regional, o exótico produzido fora dos grandes centros entra na história da arte contemporânea. Nos anos 80, foi o retorno da pintura, o reencontro do artista com a emoção e o prazer de pintar. Um prazer e uma emoção solicitados pelo mercado em reação a um suposto hermetismo das linguagens conceituais que marcaram a década de 70. Acabou fazendo da arte contemporânea, um fazer subjetivo, um acessório psicológico ou sociológico. Troca-se de suporte nos anos 90 com o predomínio da tridimensionalidade: escultura, objeto, instalação, performance, etc., mas a arte não retomou a razão.

Na barbárie da informação e da globalização, estamos assistindo ao descrédito das instituições culturais e da dissolução dos critérios de reconhecimento de um trabalho de arte. Tudo é tão apressado que acaba no dia seguinte, os artistas vão sendo substituídos com o passar da moda, ficam os empresários culturais e sua equipe. Uma corrida exacerbada atrás de uma “novidade”, que não há tempo para se construir uma linguagem. O chamado “novo” é a experimentação descartável que não chega a construir uma linguagem elaborada, mesmo assim, é festejado por uma crítica que tem como critério de julgamento interesses pessoais e institucionais. A arte pode ser qualquer coisa, mas não são todos os fenômenos ditos culturais, principalmente os que são gerados à sombra de uma ausência de conhecimento.

Sobre o autor:

Almandrade é artista plástico, poeta e arquiteto.

no site: Cosmo



21 setembro 2009

O desenho de Picasso

Com vocês o mestre:



Extraído do filme "Mistérios de Picasso", adoro passar esse filme em sala de aula para explicar sobre a linha e o desenho.

18 setembro 2009

A procura de um profissional de flamenco

Gente! Já tenho uma turma mas agora tô sem professor, se alguém souber e puder me indicar alguém, fico muuuuuuuito agradecida e feliz! É pra ontem rs.


Estou contratando um profissional de flamenco pra dar aulas em Caieiras as sexta-feiras. Início imediato.

Pode mandar currículo por e-mail !

15 setembro 2009

Criatividade e criação


Eita mas que assunto polêmico?
Como desenvolver um processo de criação, desenvolver a criatividade nesses tempos, onde o aprendizado também se dá através de imagens, e somos influenciados praticamente, por milhares de símbolos, logos, desenhos, informações... por hora? Pois é, difícil mas não impossível.

Falei sobre a Dona Isabel, o interessante é ver como ela desenvolver uma arte peculiar, original, com técnicas aprimoradas, sem ajuda de ninguém e melhor... sem influência externa. No meu outro blog, o I Live to Dance, escrevi um pouco sobre a criação de um estilo, e vendo esses artistas que sozinhos encontram um estilo e um caminho, todas as teorias de criação são contraditórias.

Iniciemos pela infância. Quem nunca foi repreendido por ter feito algo diferente do que é existe? Lembro de um papai noel que pintei de roxo no pré, ainda bem que a professora não me recriminou... como foi sábia rs. Mas normalmente a criação sempre fica pré estabelecida e todo mundo quer representar o real e assim todos fazem sempre a mesma coisa.

As casas sempre tem o mesmo formato, as cores são sempre as mesmas, o desenho é igual, e dessa forma sempre escutamos dos alunos: não se desenhar! Por que eles esperam desenhar da forma que acham que o desenho é.

Porém, desenho, pintura, em fim, as artes em geral, é muito mais que formas esteriotipadas que são oferecidas à nós. Devem ser desenvovidas essas formas expressivas e individuais em nós, e como podemos fazer isso.

Usarei o livro da Fayga Ostrower " Criatividade e Processos de Criação" - será um resumo, pra quem quer saber mais sobre o assunto, aconselho a leitura, porque ele é ótimo.

A criança age pela espontaneidade e curiosidade, é importante instigar isso na criança, dessa forma ela sempre questionará o que está fazendo, o que fará, a forma que fará e claro, pela curiosidade sempre vai buscar novas informações. o Vitor Lowelfield desenvolver o método expressivo de ensinar arte: deixe a criança experimentar a vontade e a deixe livre para criar. Hoje sabemos que isso é importante até um certo ponto para o desenvolvimento da criança, porém, para ensinar arte é necessário também a aplicação de outros pontos.

Desses fatores, parte-se para uma independência interior, normalna evolução. Quanto mais os pais incentivarem esse processo criativo e artistico, mais a criança ficará confiante e criativa. Ainda ela não possui um estilo, mas possui uma liberdade e sabe o que quer, o que vai fazer e como fazer. Quando chega à puberdade, ai sim chega a crise! Por que entram os conflitos e a procura de uma representação fiel da realidade.

"A partir desse momento, isto é, sob a influência direta de normas culturais e participando dos valores do mundo adulto, vem a tratar-se, realmente, na formulação dos termos da linguagem, de uma questão do estilo".

A criatividade não está ligada à genialidade, aos artistas, às inspirações, da originalidade ou mesmo das invenções. Isso é importante, porque sempre tem em mente que ser criativo parte do artistas, dos inventores e cientistas. Isso é um erro! Porque cada vez mais, a nossa vida contemporânea pede sermos criativos em tudo.
"Formulamos aqui a idéia de que a criatividade se realiza em conjunto com a realização da personalidade de uma ser: da maturação como processo essencial para a criação. Colocamos tanto as premissas como também os critérios de criação em uma possível maturidade do homem. Com sua maturidade o ser humano criará espontaneamente, exercerá a criatividade como função global e expressiva da vida, e como medida de sua gratificação."

Trabalhamos com referências, pesquisas, e auto conhecimento. Usamos o referencial a partir de uma escolha e dele criamos algo novo. Admitindo esse referencial, a pessoa criará com liberdade, e se ela mesma reconhecer seus limites, criará ainda mais com mais liberdade. Isso eu acho instigante! Desde sempre o auto conhecimento é uma grande sabedoria pra qualquer coisa em nossa vida.

"(...)do acatamento às possibilidades reais de cada coisa e de cada ser, à transição contínua, porém contida, de tudo com que se lida, sejam objetos com que se trabalha, a linguagem que se usa, a própria vida que se vá viver. A compreensão de si dá ao homem sua verdadeira dimensão."

Criar é relacionar com precisão e com adequação. E a orginalidade não é critério de avaliação. E isso já faz parte do homem desde que nasce, exercendo seu potencial criador, trabalhando, criando em todos os sentidos, o homem configura a sua vida e lhe dá um sentido.

"Criar é tão difícil ou tão fácil como viver. E é do mesmo modo necessário."

Banhistas de Paul Cézanne

14 setembro 2009

O Olhar de Matisse

Ontem fomos na Pincoteca ver Matisse Hoje. Um passeio obrigatório pros apreciadores de arte. E ao meu ver a exposição foi muito bem construida, boas escolhas que remetem um pouco da fases da vida e obra de Matisse. Por ser no Brasil, ela está excelente e qualquer um sairá tendo, no mínimo, uma noção do todo. E pra quem já conhece sairá satisfeito.

O que amei, foi que, agora está liberado as fotografias sem flash, como é bom estar na era digital rs, agora as máquinas não estragam mais as obras.


E o olhar de Matisse? ...

Em "Notas de um pintor", assim apresentou seu ideal:

"Sonho com uma arte de equilíbrio, de pureza, de tranquilidade, sem temas inquietantes ou preocupantes, uma arte que seja, para qualquer trabalhador cerebral, quer o homem de negócios, quer o homem cultivado, um lenitivo, um calmante mental, algo como uma boa poltrona onde ele possa relaxar do cansaço físico"


Com suas cores fortes, explosivas, uma abstração das formas, foi chamado de fera, apesar que sua linguagem expressa o contrário. Será que o olhar de Matisse sob a arte, os objetos, as pessoas seria facilitada? Dizem que sua arte é fácil, eu diria moderna e ousada.

De acordo com Carlos Graieb e Marcelo Marthe:

O historiador galês Raymond Wil-liams certa vez dividiu os modernistas em duas categorias: de um lado estavam os modernistas propriamente ditos – cuja atividade se circunscrevia à busca pela inovação estética radical. De outro, havia os vanguardistas – que também eram movidos por uma agenda política e pela oposição à "ordem burguesa". Matisse foi um modernista puro. Só esteve ligado a um grupo na época do fauvismo – um dos momentos mais fugazes na vertiginosa história dos "ismos" do início do século XX. Dali em diante, ele foi um partido de um homem só. Na única vez em que mostrou interesse por um movimento político, foi para desvesti-lo de tudo que nele era... político. Por volta de 1904, Matisse deixou-se inspirar por ideias anarquistas que lhe foram apresentadas pelo amigo Paul Signac. De tudo o que os anarquistas tinham a dizer, contudo, só lhe interessou a ideia de um futuro utópico, de liberdade e beleza. Nada de destruição da ordem social – muito menos por meio da violência. Essa "alienação" o tornou alvo da esquerda. No fim dos anos 50, comunistas franceses prometiam, uma vez que chegassem ao poder, transformar uma capela decorada por Matisse, na cidadezinha de Vence, num salão de danças. O pintor, a propósito, era ateu – as religiões também não o atraíram. Seu único absoluto foi mesmo a arte.

Matisse é, de fato, acolhedor. Livres de qualquer cerebralismo, suas telas são sempre agradáveis aos olhos. Mas isso não significa que seu trabalho seja "fácil", na acepção pejorativa do termo. Da mesma forma que uma bailarina transmite graça e leveza no palco sem que ninguém note os esforços excruciantes a que seus músculos são submetidos, por trás de suas obras há sempre virtuosismo e elaboração. A exposição em São Paulo contém inúmeros exemplos disso. Vindas do Centro Georges Pompidou, em Paris, as telas Interior em Nice, a Sesta (1922) e Odalisca com Calça Vermelha (1921) são uma amostra de sua obsessão detalhista com as texturas de tecidos e tapeçarias – uma herança de sua região natal, berço de grandes tecelões. O Torso Grego (1919) – uma das principais da exposição, pertencente ao acervo do Masp paulistano – evidencia suas reflexões incessantes sobre as questões da cor e do espaço. Matisse era incansável ainda na pesquisa de técnicas e materiais. Num período em que ficou de cama por causa de sua enfermidade intestinal, ele pedia a suas modelos e assistentes que pintassem pedaços de pano e papel em cores que ele mesmo preparava, em seguida os recortava na forma de figuras como andorinhas e conchas e os pregava em suas telas e livros ilustrados. O pintor considerava que uma obra só estava completa quando transmitia com precisão as sensações que ele desejava exprimir. A tela Natureza-Morta com Magnólia (1941) – que afirmava ser sua favorita – é um testemunho de quanto isso poderia ser árduo. Matisse a refez onze vezes.


09 setembro 2009

Simplicidade na arte

Quem disse que precisa de formação e diploma pra fazer arte?
Arte exige diciplina, dedicação, estudo, gosto e muito, mas muito trabalho. Só assim o artista poderá vencer seus desafios, encontrar seus caminhos, estilo e fazer arte na sua totalidade.

Disso, agora citarei uma artista brasileira, mineira, que mora muito longe de tudo, e tem um trabalho magnífico. A vi agora na Belas Artes, pois confesso que não a conhecia. E fiquei admirada.

Como vocês ISABEL MENDES DA CUNHA, ou melhor, a Dona Isabel Nunes, diretamente do Santana do Araçuaí no Município de Ponto dos Volantes, Vale do Jequitinhonha-MG

Dona Isabel (Isabel Mendes da Cunha) (1924- ) é certamente a mais famosa artesã que trabalha com barro no Vale do Jequitinhonha. Exerce o seu ofício, "mexe com o barro", no pequeno vilarejo de Santana do Araçuaí no Município de Ponto dos Volantes.
Filha de louçeira, que possuía um saber ancestral obtido de seus antepassados indígenas, cresceu vendo a mãe trabalhar.
No início sua relação com o barro aconteceu como todas as crianças do interior. Na infância modelava com argila objetos para as suas brincadeiras. Foi aí que surgiu o sonho de fazer bonecas que só se materializou muitos anos após, já na idade adulta.

Já casada e depois viúva, Dona Isabel, no esforço de criar seus filhos, fugindo das dificuldades de ganhar o pão de cada dia no trabalho na roça, passou a produzir potes, travessas, figuras de presépios, que eram vendidas nas feiras da região.
Nesta época suas criações se destacavam em meio às outras graças à sua inventividade e o capricho na modelagem e decoração das peças.


Muitos anos após, quando foi “descoberta” já com 44 anos, em 1978, é que surgiram suas mais famosas criações - as bonecas - que hoje tem fama no Brasil e no exterior.
Como bonequeira criou imagens representando o povo da região em noite de gala, especialmente mulheres, em diversas situações especiais do cotidiano: Noivas vestidas de branco com arranjos e buquês, noivos elegantemente vestidos com terno e gravata, madrinhas, grávidas amamentando, preparativos para festas, procissões etc.

Algumas das peças chegam a medir de 1,5 metros de altura. São minuciosamente enfeitadas, decoradas. As mulheres são apresentadas com olhos, cílios, lábios e unhas pintadas, e penteados impecáveis. Todas portam colares, brincos e outros enfeites. Sonhos de glamour de um povo sertanejo sofrido que vive numa das mais pobres regiões do país, assolada regularmente por secas e enchentes.

O acabamento das peças (pintura) é feito usando barro da região "água de barro" de variadas tonalidades, muitas vezes misturados entre si, para a obtenção de outros tons, uma espécie de engobe. O resultado final é uma superfície lustrosa, acetinada, quase sem imperfeições. Em nenhuma momento se aplicam esmaltes (vidrados).
Os trabalhos produzidos por Dona Isabel, ao contrário do que acontecia no início de sua carreira, são atualmente bastantes valorizadas. Uma boneca de maior tamanho pode chegar a custar milhares de reais, e o atendimento obedece a uma fila de espera.

As peças são modeladas manualmente, com a ajuda de toscas ferramentas, sem o uso do torno de oleiro, com barro de boa qualidade abundante na região, depois de sovado e peneirado. O alisamento da superfície é feito usando sabugo de milho e de outros modos.
As peças são feitas em partes e depois montadas, juntadas. Cabeças, pálpebras, olhos, lábios, boca, nariz, orelha e cabelos.

As queimas, monoqueimas, são realizadas em rústicos fornos a lenha abertos, cuja técnica está plenamente dominada graças ao longo período de prática. Os trabalhos são colocados, na parte inferior, sobre cacos e peças defeituosas. Para evitar manchas há especial cuidado para que as peças não encostem uma nas outras ou na parede do forno. A parte superior do forno é coberta com latas, cacos e peças com defeito visando manter a temperatura estável.

O esquente é feito durante as primeiras horas, lentamente, para que a evaporização da água ocorra sem sobressaltos. Em seguida é o momento de colocar mais lenha para aumentar o fogo e observar, nas horas seguintes, a cor da chama e das peças. Só após o lento esfriamento é possível verificar o resultado da queima.

Dona Isabel criou um estilo próprio de trabalho e repassou o seu conhecimento para todos que a cercam formando uma verdadeira escola de cerâmica. Vários fatores têm influência no resultado final. A escolha do barro, sua preparação e manuseio, a modelagem, o acabamento e pintura, e a queima.

Integram a comunidade de artesãos de Santana do Araçuaí, a maioria mulheres e poucos homens, amigos e parentes (filhas e filho, genro e netas) de Dona Isabel. Maria Madalena (filha), Amadeu casado com Mercina (filho e nora), Glória Maria casada com João Pereira de Andrade (filha e genro).

Muitos estão reunidos na Associação dos Artesãos de Santana do Araçuaí que promove Oficinas e onde os artesãos comercializam suas peças: bonecas de variados tamanhos, galinhas, moringas, flores, potes, vasos, figuras de presépios, l louça para feijoada e muito mais. O telefone de Dona Isabel e da Associação é o mesmo: 0xx33 3733 3004.

Fotos: Leonardo Alvim
Fonte: Vídeo Da Terra, A Alma. Autores Leonardo e Heloisa Alvim
Pesquisa e texto: Renato Wandeck
Referências Bibliograficas:
- Revista Palavra. Nº 14, junho 2000.
- Casa Claudia-Artesãos do Brasil. Ano 24 nº 464, 2000
- Mestre Isabel e sua Escola-Cerâmica no Vale do Jequitinhonha
Org. Marina de Mello e Souza-Rio de Janeiro:Funarte,CFCP,1995.
Sala do Artista Popular n°59.
Catálogo da exposição realizada na Sala do Artista Popular de 21/11 a 30/12 de 1995
Museu do Folclore Edson Carneiro
- Cerâmica de Santana do Araçuaí
Pesquisa e texto de Maria Helena Torres-Rio de Janeiro: Funarte,CNFCP,2002
Sala do Artista Popular n° 99
Catálogo da exposição realizada na Sala do Artista Popular de 31/01 a 10/03 de 2002
Museu do Folclore Edson Carneiro

21 agosto 2009

"Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém"

Hoje citarei o Paulo Freire, um ícone da nossa educação, mas não muito reconhecido aqui no Brasil. Ele até é, mas não como deveria ser, porque suas idéias libertárias, esquerdistas e voltadas para autonomia do ser humano, foram mal interpretadas - claro, quem aqui no Brasil está interessado em melhorar a educação e desenvolver o ser humano, tornando-o pensante, participante e político?


Vamos lá, para algumas frases:


"Por que não estabelecer uma 'intimidade' entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles tem como indivíduos?"

"Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção."

"Professora sim. Tia não."

"A liberdade sem limite é tão negada quanto a liberdade asfixiada ou castrada."

"É decidindo que se aprende a decidir. Não posso aprender a ser eu mesmo se não decido nunca porque há sempre a sabedoria e a sensatez de meu pai e de minha mãe a decidir por mim."

"Por que perder a oportunidade de ir sublinhando aos filhos o dever e o direito que eles tem, como gente, de ir forjando sua própria autonomia? Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém."

14 agosto 2009

Frases

"Te amo não por quem tu és,mas por quem sou quando estou contigo".

"O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança."

"Não passes o tempo com alguem que não esteja disposto a passá-lo contigo"

"Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se."

"Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade."

Gabriel Garcia Márquez

12 agosto 2009

Paris


Eu fui e voltei! Num mesmo dia!
E a sensação de vazio após o filme ficou muito forte...

Assistam esse filme fantástico, e não é apenas belo pela história e pelas cenas de uma cidade louca igual São Paulo... ele é bom pelo roteiro, pela fotografia, pelos atores, pelos closes, pelo inesperado e humor que nos prende a cada cena. Você sente que acontecerá algo, mas ao mesmo tempo não sabe extamente o que... e assim, o roteiro nos surpreende.

É realista, se formos ver no fundo é até deprimente, porém, ele mistura o positivo, com o negativo, com outros olhares de enxergar a vida... e a vida continua... assim como as nossas vidas, com altos e baixos devemos continuar vivendo, curtindo e superando as dificuldades do dia-a-dia.

E mais importante: dar valor à vida, agradecer o que temos, e não deixar de viver. A mensagem é positiva e realista!

Os nossos cineastas deviam pensar melhor na linha que está sendo criada por eles aos nossos filmes. Fala sério! O cinema brasileiro não está negativo e deprimente? Acho que podemos falar da realidade, provocar reflexões com arte, beleza e inteligência, assim como os produtores de Paris.

10 agosto 2009

Cena V


Hoje compreendo as palavras desse trecho:

Romeu e Julieta
Ato III - Cena V


O mesmo. Quarto de Julieta. Entram Romeu e Julieta.


JULIETA - Já vais partir? O dia ainda está longe. Não foi a cotovia, mas apenas o rouxinol que o fundo amedrontado do ouvido te feriu. Todas as noites ele canta nos galhos da romeira. É o rouxinol, amor; crê no que eu digo.

ROMEU - É a cotovia, o arauto da manhã; não foi o rouxinol. Olha, querida, para aquelas estrias invejosas que cortam pelas nuvens do nascente. As candeias da noite se apagaram; sobre a ponta dos pés o alegre dia se põe, no pico das montanhas úmidas. Ou parto, e vivo, ou morrerei, ficando.

JULIETA - Não é do dia aquela claridade, podes acreditar-me. É algum meteoro que o sol exala, para que te sirva de tocheiro esta noite e te ilumine no caminho de Mântua. Assim, espera. Não precisas partir assim tão cedo.

ROMEU - Que importa que me prendam, que me matem? Serei feliz, assim, se assim o quiseres. Direi que aquele ponto acinzentado não é o olho do dia, mas o pálido reflexo do diadema da alta Cíntia, e também que não foi a cotovia, cujas notas a abóbada celeste tão longe ferem sobre nossas frontes. Ficar é para mim grande ventura; partir é dor. Vem logo, morte dura! Julieta quer assim. Não, não é dia.

JULIETA - É dia; foge! A noite se abrevia. Depressa! É a cotovia, sim, que canta desafinada e rouca, discordantes modulações forçando e insuportáveis. Dizem que ela é só fonte de harmonia; não é assim, pois ora nos divide. Há quem diga que o sapo e a cotovia mudam os olhos. Oh! quisera agora que ambos a voz também trocado houvessem, pois ela nos separa e, assim tão cedo, como grito de caça mete medo. Oh vai! A luz aumenta a cada instante.

ROMEU - A luz? A escuridão apavorante.

Preciso dizer mais alguma coisa?

09 agosto 2009

Queremos comida, diversão e...

Arte!
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão, balé...

Prioridades! Nesse nosso país, educação e cultura nunca são prioridades, e o pior é que o povo também pensa dessa forma.
E o que dizer da arte? Como já falei - prima pobre das prioridades e nunca está vinculada à vida das pessoas.

Um povo sem cultura, sem história, sem arte... é um povo primitivo, atrasado, terceiro mundo e agora... emergente! Só muda o nome.

08 agosto 2009

Arte X Nosso dia a dia

Há vínculo entre a arte e a nossa vida? Tem como separar o que é arte com o que é vida?
Muitas pessoas fazem isso, porém ao meu ver, isso é impossível. É um erro pensar que o ser humano nasce sem manifestar nenhuma expressão artística, já que as primeiras dos nosso tempos foi a música e a dança.

A criança antes de desenvolver a fala, ela desenha, ou melhor... ela rabisca, e esses rabiscos são suas expressões que quando respeitadas e desenvolvidas, beneficiarão também no desenvolvimento da própria criança.

Por que há civilizações fantásticas, grandiosas, criativas? E outras tão pobres em criatividade e modernidade? Será que a razão não está no fato de desvincularmos a arte com o nosso dia a dia?

A arte é universal e pertence ao ser humano. Todos são livres para criarem, para serem diferentes, para acreditarem no que quiserem e para manifestarem suas expressões, seja como for... já nascemos dançando, acredite se quizer!

E já está comprovado, os melhores profissionais são aqueles que tiveram um bom ensino de arte nas escolas, frequentavam museus, espetáculos, exposições e etc. Então, mais um fator importante: Escolas, vamos levar as aulas de artes mais a sério ok?!

Do blog: A arte e a vida
"É tão difícil definir o que é a arte... Mais difícil ainda é dizer para que serve, que papel desempenha nas nossas vidas. Podemos passar sem ela (mesmo sem sabermos o que é)? A arte está dentro das pessoas em proporções diferentes. Há quem dispense, há quem sinta grande necessidade dela. Todavia, mesmo para estes, é ainda algo passivo: vê-se, ouve-se, sente-se, gosta-se, "consome-se".

Na verdade não se registam muitos casos de obras de arte que tenham causado um impacto profundo ao ponto de induzir alterações de comportamento ou mudanças de rumo na vida em quem as "consome". E, no entanto, esta poderia ser a utilidade da arte - uma causa nobre!

Lembro-me de um caso interessante. Em 1967 um grupo musical (agora diz-se banda) de seu nome Velvet Underground publicou o seu primeiro disco (agora diz-se trabalho). Não eram muito conhecidos e, dizem, venderam na altura 150 discos. Dizem também que cada um dos 150 compradores formou uma banda...

Alguém me confirma (ou desmente) esta história fabulosa
?"

25 julho 2009

Um pouco de história

Arte rupestre em Piauí

De forma humilde, falarei um pouco da história do cinema, colocar em prática o que aprendi nessa semana.

Desde os primórdios o homem buscou formas de expressão, mesmo antes da fala, manifestavam através de danças, rituais, mímicas e gestos, sons... o mistério da vida. O mágico, o mistérios foram transformados em deuses... e bucou-se formas de registrar os acontecimentos: desenhos nas paredes das cavernas com sangue e semestes.

Por que essa vontade de registrar? Por que a vontade de deixar suas marcas? Por que a vontade de narrar as histórias que faziam parte do cotidiano?

Os egípcios

O homem desde sempre fora curioso, instigador - essa força é a que nos move - e dessa forma, durante a nossa evolução, vieram Impérios, imperadores, filósofos... e essas novas civilizações acharam sua forma própria de registro.

Os gregos

Os persas

O ímperio Carolíngio

Olha que coisa louca, a imagem foi usada como forma de poder e manipulação, já que 99% dos povos eram analfabetos. Era o início do design, da propaganda e marketing. A imagem sempre falou muita coisa, principalmente as conquistas e o poderio dos imperadores. Mas isso é outro assunto.
Usou-se o desenho, a pintura, e nesse processo os instrumentos também foram se aperfeiçoando, mas a maior invenção, o boom daquela época, foi a invenção da fotografia. Essa sim revolucionou!
Dela surgiram os primeiros experimentos de animação, as primeiras tentaivas de deixar a fotografia viva - se posso assim dizer.

O zootropo

O praxynoscópio

Vieram os thaumatrópio, fenaquistiscopio, zootropo, praxynoscópio, eram diversos cientistas pesquisando e inventando instrumentos para movimentar imagens. Em 1876, Eadweard James Muybridge fez uma experiência, primeiro colocou doze e depois 24 câmaras fotográficas ao longo de um hipódromo e tirou várias fotos da passagem de um cavalo. Ele obteve assim a decomposição do movimento em várias fotografias e através de um zoopraxinoscópio pode recompor o movimento.

O thaumatrópio - duas faces diferentes com linhas nas pontas

Essa foi a primeira experiência de Eadweard, é claro que estava em movimento:

Foi Thomas Edson e os irmãos Lumiére que fizeram os primeiros experimentos que deu ínicio ao nosso cinema. O Thomas inventou o cinetoscópio, uma caixa escura, onde a pessoa olhava de fora, num orífício imagens fantásticas, sensuais, engraçadas, e fora do comum. As pessoas pagavam para ver essas animações. E os Lumiéres inventaram o cinematógrafo, e fizeram a primeira projeção de filme numa tela - eram filmes do cotidiano parisiense sem nenhum preocupação estética ou narrativa.

Mas foi o grande ilusionista francês, Georges Méliés, que deu o primeiro salto à evolução de tudo isso: ele foi o primeiro da criar um filme de verdade. Posso dizer que foi o pai do cinema. Em seu filme "Le Voyage dans la Lune" (Viagem à Lua), de apenas 14 minutos, criou uma história, teve procupação estética, criou um estúdio de filmagem e produção, e também exibiu às pessoas.
"Le Voyage dans la Lune"


Achei o máximo ver esse filminho, mesmo truncado, complicado de entender... mas foi lindo ver o primeiro filme do mundo (sem esquecer dos experimentos passados produzidos).

E daí... teve muuuuuuuuuuuuuita evolução, que aos poucos irei escrevendo por aqui. Espero que gostaram.

23 julho 2009

Cinema!

Tô fazendo um curso na Caixa Cultural sobre cinema: A evolução do Cinema - quer coisa mais gostosa do que aprender sobre história, discutir sobre tudo e assitir diversos filmes?

Estou adorando, e no próximo post entrarei com mais detalhes. Deixarei dois links de fóruns sobre cinema e lá nós conseguimos baixar filiminhos difícieis de achar por aqui sabe? No nosso país emergente... que falta um pouco de tudo!

São o Allzine e o Cine-Clássico. Bom divertimento!

13 julho 2009

De onde viemos e pra onde vamos?


Perguntinha básica de filósofo, ou um metido em - eu sou a metida ok?

Hoje de bobeira em casa, porque dei aula só a noite, fiquei assistindo a Tv Escola (coisa de professor, que sina!), e estava passando um documentário de química, sobre a formação dos elementos, prótons, neutróns... como era formado o universo, as estrelas o Sol...

Aprendi muito. E vendo as imagens: explosão das estrelas, o Sol, nossa galáxia... perdi em vários questionamentos - De onde viemos? Pra onde vamos? - pergunta básica pra quem quer filosofar.

É instigante, a física quântica nos traz muitas respostas, mas sempre fiquei na dúvida, por que penso como era antes de tudo existir. Vale a dica: o filme Quem somos Nós?.

Como era? Ou sempre foi dessa forma, uma grande vazio escuro, sem ar, sem som... Antes de tudo existia o que? Desde pequena perguntava isso e brigava no catecismo, porque a religião não me repondia - desde pequena uma pimentinha, como minha mãe fala.

No budismo falam que somos um vazio e viemos do vazio, que o nada é o tudo, e somos energia e fazemos parte do Cosmos - isso já são afirmações que me atraem.

E não deixo de ficar emocionada, feliz e curiosa, ao olhar um céu a noite com suas estrelas e seus mistérios... quando teremos as respostas? Ou já temos, ou saberemos apenas na hora certa?

09 julho 2009

Mais um dia

Hoje, depois de uma noite turbulenta, com pesadelos, ou melhor, sonhos estranhos, sai rápido pela manhã rumo ao estúdio. Estava decidida a fazer uma tatuagem, na nuca, um khanji... até montagem no computador havia feito, e enquanto caminhava na rua, minha cabeça girava, girava, meu coração batia... e agora? Tinha mesmo certeza do que ia fazer?

Cheguei no lugar e fiquei parada no corredor escuro, acendi a luz e fiquei parada. Encostei na parede, fechei os ollhos e pensei. Abri os olhos. Olhei pra mim, pras mãos, pros pés, pernas, braços e mudei de idéia : nada de tatuagem! Que loucura! Sou impulsiva - na certa daqui uns anos vou me arrepender! Meu corpo é todo perfeitinho pra virar um gibi!

Sai aliviada, fui na lojinha Só 1 Real - achei um jarro, que legal! Agora tenho meu próprio jarro pro folclore... comprei também uma esponja vegetal... vaguei numa loja de roupas e fiz todo o mesmo caminho de antes para voltar pra casa.

Fui fazer o almoço, me escolheram hoje, mas não reclamo porque adoro cozinhar! Adoro! Acho uma arte. E assim, peguei os tomates, o orégano na horta, o macarrão... acendi o fogo, esquentei os tomates e logo os colocava na bacia com água gelada e gêlo - descasquei cada um, piquei e ficaram no liquidificador por um tempo...

A água fervendo, a carne fritando com a cebola e o alho, os tomates processados... e eu sozinha, me divertindo e perdida nos meus pensamentos.

Um gole de vinho, coloquei Seu Jorge bem alto, cozinhar sem música não dá! Cantando, dançando, picando salsinha, bebendo... e a saudade bateu!

Saudade de um tempo que não existiu, das coisas que eu queria e não tive, das pessoas que entraram e sumiram da minha vida - da minha infância - das pessoas especiais que estão comigo.

Saudades...

Acho que vou fazer um piercing na orelha.

*Minha comida ficou digna de um grand Chef!

07 julho 2009

Da universalidade da dor de amor à subjetividade da arte


Carta de rompimento enviada por Greg Shephard


Sophie

Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito. Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência.

Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.

Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você.

Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar. Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente.

Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo. Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita.

Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá. Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro.

E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único. Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide de você.

X


Uma exposição bem interessante no Sesc Pompéia: Cuide De Você

05 julho 2009

O Bailado de Flávio Carvalho

"A psicánalise matou o Deus"
E essa peça performática, experimental, com direção de Roberto Lage e atuações do Núcleo Experimental Sesi - Acaba assim, com esse refrão num sambinha.
Vejam!
É gratuito, é bom, é divertido, é inteligente, é sacada, com boas atuações, com boa trilha sonora e o trabalho corporal dos atores está muito bom. E minha amiguinha da Belas Artes está no elenco, a Fabiana S. - e atua muito bem, por sinal.
"Marcada pela ausência de diálogos, a montagem surgiu da proposta do diretor de resgatar o universo do artista fluminense Flávio de Carvalho, radicado na capital paulista.O grupo usou como ponto de partida a peça Bailado do Deus Morto, escrita e encenada por ele em 1933, do texto teórico A Origem Animal de Deus e do artigo A Cidade do Homem Nu.Em torno desse eixo condutor aparecem as famosas experiências do artista, as pinturas e suas instigantes reflexões acerca do homem moderno, dentre as quais, a crença de que há três fatores que valem a existência: medo, fome e sexo."

Mais informações: Bailado

Sobre Flávio de Carvalho (1889-1973):

Foi um dos grandes nomes da geração modernista brasileira, atuando como arquiteto, engenheiro, cenógrafo, teatrólogo, pintor, desenhista, escritor e filósofo.
Tendo estudado na Inglaterra, e pertencente à segunda geração de modernistas de São Paulo, Flávio Resende de Carvalho desenvolveu suas múltiplas atividades, como arquiteto, fundador do Teatro Experiência, em 1933, organizador do 3º Salão de Maio, em 1939, fundador e animador do Clube dos Artistas Modernos, que reunia artistas para conferências, debates e exposições.

Tendo uma personalidade singular e isolada por seu próprio temperamento, Flávio de Carvalho contribuiu, não apenas como poderoso animador do meio artístico paulista dos anos 30,como por suas audaciosas experiências.

Fonte: Museus Brasileiros, vol. 6, Edição Funarte, Rio, 1982.