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17 agosto 2011

O professor e o sonho

O professor e o sonho
Moaci Carneiro

Eu quero ser professor
De um saber todo sabor
De lições em desamor.

Eu quero ser professor
De uma escola que é arremesso
Pois cada dia é um começo.

Eu quero ser professor
Com asas de autoestima
Com lições de muitas rimas
Pois a vida reprimida
Parece, mas não é vida.

Eu quero ser professor
De rotas de autonomia
Cada um em sua via.

Eu quero ser professor
Que una o criativo
O singular e o coletivo.

Eu quero ser professor
Pra ensinar com ternura
Pois aula não é tortura.

Eu quero ser professor
Que acolhe com prazer
Todos que querem saber.

Eu quero ser professor
Pra tornar o erro semente:
Plantar e seguir em frente.

Eu quero ser professor
Pra dialogar, tecer
A compreensão, a ação.

Convir com harmonia
Viver a paz todo dia
Eis a suprema lição!

Fonte: CARNEIRO, M. A. A escola sem paredes. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.

04 dezembro 2009

Amor

Amor


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração para de funcionar
por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da
sua vida.

Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso
entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o
dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos
encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de
ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um
presente divino: o amor.

Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais
que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las
com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer
momento de sua vida.

Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela
estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que
está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim,
tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir
morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma
dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer
verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as
loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.


Autor: Carlos Drummond de Andrade

10 agosto 2009

Cena V


Hoje compreendo as palavras desse trecho:

Romeu e Julieta
Ato III - Cena V


O mesmo. Quarto de Julieta. Entram Romeu e Julieta.


JULIETA - Já vais partir? O dia ainda está longe. Não foi a cotovia, mas apenas o rouxinol que o fundo amedrontado do ouvido te feriu. Todas as noites ele canta nos galhos da romeira. É o rouxinol, amor; crê no que eu digo.

ROMEU - É a cotovia, o arauto da manhã; não foi o rouxinol. Olha, querida, para aquelas estrias invejosas que cortam pelas nuvens do nascente. As candeias da noite se apagaram; sobre a ponta dos pés o alegre dia se põe, no pico das montanhas úmidas. Ou parto, e vivo, ou morrerei, ficando.

JULIETA - Não é do dia aquela claridade, podes acreditar-me. É algum meteoro que o sol exala, para que te sirva de tocheiro esta noite e te ilumine no caminho de Mântua. Assim, espera. Não precisas partir assim tão cedo.

ROMEU - Que importa que me prendam, que me matem? Serei feliz, assim, se assim o quiseres. Direi que aquele ponto acinzentado não é o olho do dia, mas o pálido reflexo do diadema da alta Cíntia, e também que não foi a cotovia, cujas notas a abóbada celeste tão longe ferem sobre nossas frontes. Ficar é para mim grande ventura; partir é dor. Vem logo, morte dura! Julieta quer assim. Não, não é dia.

JULIETA - É dia; foge! A noite se abrevia. Depressa! É a cotovia, sim, que canta desafinada e rouca, discordantes modulações forçando e insuportáveis. Dizem que ela é só fonte de harmonia; não é assim, pois ora nos divide. Há quem diga que o sapo e a cotovia mudam os olhos. Oh! quisera agora que ambos a voz também trocado houvessem, pois ela nos separa e, assim tão cedo, como grito de caça mete medo. Oh vai! A luz aumenta a cada instante.

ROMEU - A luz? A escuridão apavorante.

Preciso dizer mais alguma coisa?

30 junho 2009

A Dança

O que seria da vida sem poesia? Adoro! Um pouco de Neruda pra vocês:

Não te amo como se fosse rosa de sal,
topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente,
entre a sombra e a alma..

Te amo como a planta que não floresce
e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra..

Te amo sem saber como, nem quando,
nem onde, te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito
é minha tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda