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20 junho 2011

A Sinestesia da Tipografia


Hoje, quando estava estudando pra dar minha aula sobre tipografia, como sempre fui ler as novidades sobre o assunto na internet. E me deparei com esse termo: sinestesia tipográfica - em um artigo da Márcia Okida. Se quiser ler é só clicar aqui "O Tipo que nos Veste".

Antes de eu falar sobre esse assunto, é legal tirarmos as dúvidas do que seria cinestesia e sinestesia. Sempre falo que ao projetar, o designer hoje deve conhecer muito bem o Homem (público), a Cultura (onde) e ser sensível à tudo e a todos, para que o projeto tenha sucesso, ou seja, cada vez mais atingimos as pessoas através das sensações e emoções: por inteiro!

Então vamos compreender melhor esses termos?

Cinestesia: é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão.

Segundo a teoria das múltiplas inteligências, a Inteligência corporal-cinestésica refere-se as habilidades que atletas e artistas (especialmente dançarinos) desenvolvem para a coordenação desejada de movimentos precisos necessários para a execução de sua técnicas.

Um problema sério no desenvolvimento dessa inteligência é que segundo Howard Gardner a maioria das escolas se satisfazem com desempenhos mecânicos, ritualizados ou convencionalizados, isto é, desempenhos que desenvolvem as habilidades apenas levando o aluno a repetir o que o professor modelou.

Uma das técnicas mais usadas para o desenvolvimento da cinestesia é vendar os alunos para que com a ausência da visão eles se focalizem na cinestesia no uso de suas técnicas. Outro recurso muito utilizado é o uso de um ou mais espelhos ao redor do aluno durante os exercícios ou filmar o treinamento para que a visão sirva como feedback de como estão sendo feitos os movimentos.


Ou seja... todos nós temos a inteligência cinestésica, alguns mais, outros menos, é a nossa capacidade de lidar com outras sensações, percepção e inteligência. Há aqueles que aprendem vendo, outros ouvindo, outros quando o tocam ou quando se mexem e etc.


Sinestesia: (do grego συναισθησία, συν- (syn-) "união" ou "junção" e -αισθησία (-esthesia) "sensação") é a relação de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o olfato. O termo é usado para descrever uma figura de linguagem e uma série de fenômenos provocados por uma condição neurológica.

Exemplos de sinestesias:

  • Vamos respirar o ar verde do outono (respirar e verde,junção de sentidos)
  • Latitude de uma montanha consiste a uma pedra
  • Figura de linguagem

Há certa confusão em relação aos termos cinestesia e sinestesia: o primeiro termo refere-se ao sentido muscular, a um conjunto de sensações que nos permite a percepção dos movimentos (Michaelis, 1998); o segundo termo refere-se a uma sensação secundária que acompanha uma percepção, ou seja, uma sensação em um lugar originária de um estímulo proveniente de um estímulo de outro (Michaelis, 1998 e Dorsch, 1976). Portanto, é importante termos em mente que o termo sinestesia empregado neste trabalho não se restringe à percepção do movimento e suas propriedades (peso e posição dos membros), mas engloba um conjunto geral de percepções e sensações interligadas por processos sensoriais.


E o que isso tem a ver com o design?

Pois bem, como o assunto é tipografia vamos aplicá-lo a ele. Já percebeu que quando escolhemos um tipo errado pro projeto, prejudicamos ou alteramos a sua identidade? Você ainda é daqueles que fica experimentando de forma aleatória a fonte que vai usar?

Tipografia é coisa séria, é uma arte, como já dizia Weingart, além de nos preocuparmos com a legibilidade, estética, funcionalidade, também devemos prestar atenção nas qualidades das tipografias.

Algumas são femininas, masculinas, infantis, glamurosas, engraçadas... e conseguem influênciar na identidade visual de qualquer projeto gráfico.

Como a Okida fala:

"O fato de uma fonte ser mais alta, baixa, condensada ou expandida também indica personalidade, uma maneira fácil pensar em comparações para dar personalidade às fontes é imaginar que — nos padrões gerais de estética e estilo e não nos moldes de gosto pessoal — as fontes são pessoas: as altas e magras são consideradas elegantes e leves, as pessoas maios gordinhas e baixinhas mais lentas e pesadas, as formas sinuosas da “mulher brasileira”, mais sensuais etc. Estes são detalhes de personalidades que podemos transferir as fontes. Podemos também fazer associações entre objetos e tipos buscando estas personalidades.

Seria possível associar características que indiquem tristeza, glamour, alegria, esoterismo, cultura, amor e tantos outros sentimentos.

Isso é o que chamamos de Sinestesia Tipográfica que, quando usada de modo correto, dá ao design que criamos uma maior personalidade, criatividade e identificação com tema, mercado ou público."


A Sinestesia Tipográfica, seria quando a tipo usada consegue atingir outras percepções do ser humano, através de sua forma, cor, transmitindo sensações e até uma mensagem, identidade, estilo? É isso? Hum... realmente, escolher uma tipo está bem sério.

Mas é isso sim, é o caminho que nossa comunicação está seguindo. O cinema já nos atinge em praticamente todas nossas inteligências, e percepções sensoriais, e o que não falar da arte e assim... do design.

Vale sempre lembrar do objetivo do design, da publicidade e de toda mídia comunicativa. Nem preciso dizer né?

Se interessou sobre o assunto? Dá uma lidinha nesse texto na Zupi!




Referências

"Efeitos da propriocepção no processo de reabilitação das fraturas de quadr0" Martimbianco, Ana Luiza Cabrera; Luis Otávio Polachini; Therezinha Rosane Chamlian; Danilo Masiero (2008) "Treinamento do Equilíbrio" Acta Ortopédica Brasileira, vol.16 no.2 São Paulo 2008 (Brasil).

Acessado a 22 de outubro de 2009 Vilma Leni Nista-Piccolo e col. (2004) Manifestações da inteligência corporal cinestésica em situação de jogo na educação física escolar. http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/582/606

06 abril 2010

Weingart - o gênio do design

O que falar sobre Wolfgang Weingart? Que ele foi um gênio? Que foi inovador, um excelente designer de tipos? Sim, ele foi tudo isso e muito mais. Além de ser um professor incentivador de idéias e precussor de uma nova geração de designers, ele fez história com suas ousadias tipográficas.

Confesso que demorei para me apaixonar por tipos, como qualquer principiante de design, achava que era apenas escolher as "letrinhas" mais bonitinhas de acordo com cada projeto... porém... o amadurecimento vem, você não deseja mais ser um "comercial designer" e deseja expressar, sentir e mostrar suas opiniões através do design... passando a ser uma artista além de tudo.

E na Europa o design é arte, sempre foi e sempre será, porque os caras querem experimentar, ousar, vender (é claro), mas com uma visão mais específica - diferente do design americano - o que vale é vender, consumir e ... enriquecer!

Nesse cenário europeu é que aparece o Wolfgang Weingart, o momento do Design Pós-Moderno, ele quebrou com as regras puritanas de composição realizadas com esmero por Josef Muller, Emil Ruder e Armin Hoffman na Suiça. Mas ainda não era o momento dele, pois o mundo prestava atenção no design inglês inovador, com as bases no movimento punk, de Peter Seville e Neville Brody.

O trabalho gráfico de Weingart é marcado por espaçamentos diferenciados entre os caracteres, criação de desenhos e formas com os tipos, não há uma leitura imediata dependendo da proposta gráfica, e sua tipografia baseou-se em regras semânticas, da sintaxe e da funcionalidade.

Ele estava mais interessado nas qualidades gráficas da tipografia, acreditava que certas modificações poderiam intensificar a mensagem textual e visual de qualquer composição gráfica, de um projeto de design.

"É um artista dialético que trabalha nos níveis mental, emocional e pragmático".

Ele nunca deixou de estudar as noções básicas da tipografia, isso é essencial para se criar, assim como em tudo na vida, portanto, lettering, espaçamento, entrelinhas, tipos de impressão, tamanho, diferentes sistemas de impressão e composição... tudo isso são detalhes importantes na hora de compor um texto.

E para terminar fico com as suas definições de o que seria Tipografia, que em minha opinião são fantásticas:

" É transformar um espaço vazio, num espaço que não seja mais vazio. Isto é, se você tem uma determinada informação ou um texto manuscrito e precisa dar-lhe um formato impresso com uma mensagem clara que possa ser lida sem problema, isso é tipografia...

Tipografia pode ser também algo que não precisa ser lido... pode fazer algo ilegível, para que o leitor descubra a resposta. Isso também é possível, e isso também é tipografia".

Wolfgang Weingart

fonte:

O Tipo da Gráfica - Cláudio Ferlauto

Tipográfos . Net


09 fevereiro 2010

TIPOgrafia

Tá na hora de atualizar esse blog com informações importantes e básicas de design. Nas minhas aulas percebo que a influência do computador é positiva e negativa, porque a maioria dos alunos deixaram de pesquisar e estudar a base do design.

E o que seria isso?

Deixaram de estudar o traço, o desenho, as pesquisas de campo e semântica, a tipografia e até os processos gráficos. Tudo se limita no que o computador pode fazer. E design não é isso e muito menos o processo de criação.

Vou escrever agora e mais alguns dias sobre a Tipografia, que não é a escolha aleatoriamente das "letrinhas" que existem num programa de computador.

O Eduardo Bacigalupo diz:

"É a arte de escolher os tamanhos, o comprimento das linhas e as diferentes espessuras das informações dos textos. Seu critério de legibilidade deve depender, única e exclusivamente, de sua forma e contraforma, da proporção e da fluência rítmica dos seus sinais".

E Wolfgang Weingart (mestre em tipografia, e falerei dele mais pra frente), vai mais longe:

"Tipografia é transformar um espaço vazio, num espaço que não seja mais vazio. Isto é, se você tem uma determinada informação ou um texto manuscrito e precisa dar-lhe um formato impresso com uma mensagem clara que possa ser lida sem problema, isso é tipografia. Mas essa definição tem o defeito de ser muito curta. Tipografia pode ser também algo mais interessante, pode fazer algo ilegível, para que o leitor descubra a resposta. Isso também é possível, e isso também é tipografia".

A anatomia e estrutura dos tipos



fontes:

Arquitetura de Design UNICAMP

O Tipo da Gráfica, Cláudio Ferlauto, ed. Rosari

*Ouvindo L´amoureuse, Carla Bruni