12 fevereiro 2012
E falando em fotografia...
Percursos e Afetos – Fotografias, 1928/2011 de 08.out a 11.mar 2012
A Pinacoteca do Estado de São Paulo, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta a exposição Percursos e Afetos – Fotografias, 1928/2011 – Coleção Rubens Fernandes Junior, com cerca de 80 imagens (cor e PB). Realizadas por importantes fotógrafos como German Lorca, Gaspar Gaparian, José Oiticica Filho, José Medeiros, Jean Manzon, Nair Benedicto, Stefania Brill, Hildegard Rosenthal, Mario Cravo Neto, Fernando Lemos, Elza Lima, Bob Wolfenson, Cristiano Mascaro, Cássio Vasconcelos, Boris Kossoy, entre outros, a mostra tem como ponto de partida um retrato de Mário de Andrade, 1928, feito por Michelle Rizzo um dos primeiros fotógrafos a atuar em São Paulo. A partir desta imagem são apresentadas cenas da cidade de São Paulo, da vida cotidiana e uma série de retratos de artistas e personalidades como Geraldo de Barros, Pierre Verger, Thomas Farkas, entre outros.
A seguir texto do Curador da mostra Diógenes Moura:
A exposição nos apresenta o modo de ver de um colecionador, Rubens Fernandes Junior, pesquisador que vem se dedicando ao estudo e ao entendimento dos processos fotográficos pelo menos nas três últimas décadas. A partir da busca incessante desse ato de colecionar e pesquisar, essa trajetória transforma Rubens Fernandes Junior em um personagem-referência para as questões ligadas à imagem principalmente no Brasil. Esse conjunto que agora a Pinacoteca apresenta (com outra pontuação intitulada Fotógrafos Lambe-Lambe no Parque da Luz, 1920/1932, que poderá ser vista no percurso da mostra de longa duração, no segundo andar do museu) foi sendo construído a partir da profunda relação estabelecida entre os artistas e o pesquisador, e das suas intermináveis buscas em espaços públicos e privados, com a intenção de criar uma coleção onde não apenas a fotografia estivesse presente como “objeto de desejo”, mas, sobretudo, como ponto de partida para o encaminhamento de um conhecimento sem fronteiras entre procura, respostas e descobertas.
É esse o aspecto que torna tão provocante esse conjunto de obras e documentos. Entre essas imagens e seus autores há uma história sendo pontuada que passa pela fotografia documental, pelo fotojornalismo, pelos ensaios autorais, pelos retratos e pelos experimentos que indicam não apenas os processos de trabalho e as técnicas assimiladas. Mostram, também, as variadas formas de impressão, a preocupação com o resultado final a partir da escolha de determinado tipo de papel, sua gramatura, os efeitos que a superfície plana ou porosa poderá provocar na exatidão ou no ruído da imagem da forma que o autor gostaria que fosse finalmente apreciada. Então temos uma troca de experiências: o olhar do pesquisador que encontra e protege o olhar do fotógrafo que viu o que os outros, nós que estamos do lado de cá, queremos fixar para tentar entender, digamos assim, a passagem do tempo e seus pequenos segredos, já que cada fotografia traz em sua representação um esquema muito particular de alguma não-coisa que gostaríamos de guardar talvez para sempre.
Rubens Fernandes Junior foi responsável, em 1980 – durante a gestão de Fábio Magalhães –, pela criação do Gabinete Fotográfico na Pinacoteca. Essa experiência aproximou a fotografia da programação do museu com a intenção de “criar um espaço para a discussão fotográfica enquanto manifestação social, cultura e artística”. Nos dois anos seguintes foram realizadas mostras de nomes hoje com trabalhos definitivos para a compreensão da fotografia brasileira. A exposição Processos e Afetos – Fotografias, 1928/2011 traz de volta para o museu, três décadas depois, a espectrografia de um poeta-caminhante que sobretudo na solidão de suas pesquisas, nas andanças pelas cidades, diante dos seus livros e das fotografias que lhe pertencem, protege e expõe aquilo que não deveremos esquecer.
Vamos ??
29 março 2011
"Marcados para" - uma exposição fotográfica

No holocausto, os judeus foram identificados com uma estrela amarela no peito, o mondedovid, no qual estavam "marcados para morrer". Um registro da raça, da humilhação, do medo e da morte. Claudia Andujar, viveu essa experiência quando morava na Transilvânia, Hungria com seus pais. E em 1944, sofreu a perda do pai e seus familiares, assim como amigos, conhecidos e da própria vida.
Já em 1980, vivendo no Brasil e já engajada na questão indígena, Claudia, participa de expedições de socorro na área da saúde, e registra os Yanomamis em forma de prontuários, tirando um retrato de todos. Na época não havia uma pretensão de transformar essas fotografias em obras de arte e muito menos expô-las, porém, a preocupação estética sempre esteve presente, já que realizava trabalhos como fotógrafa.
Diferente dos judeus, os Yanomamis foram "marcados para viver", na tentativa de salvá-los das doenças vindas com o contato dos "homens brancos", através dos garimpos, mineração e da construção da estrada Perimetral Norte.
É um sentimento ambíguo, o de transformar simples registros dos Yanomami na condição de "gente" em obra que questiona o método de rotular seres para fins diversos. O trabalho de ordenar e identificar uma população sob o risco de extinção, é o conceito dessa obra. E não há como ligar as fotografias com o que aconteceu com os judeus no holocausto com as suas identificações através das estrelas amarelas.
A exposição Marcados Para, da fotógrafa Claudia Andujar foi apresentada pela primeira vez na Bienal de São Paulo 2006, agora o Centro da Cultura Judaica recebe as 87 imagens dos índios Yanomami feitas no começo dos anos 80. Desta vez, também estarão à disposição livros sobre Claudia, as fichas cadastrais feitas por ela da tribo, três ampliações da série e 20 contatos (ampliações dos negativos). A curadoria é de Eduardo Brandão.
Claudia Andujar nasceu na Suíça, mas mudou para São Paulo no final da década de 50 e naturalizou-se brasileira. É referencia na defesa dos índios, chegou a morar em tribos na Amazônia, e está entre os fundadores da comissão que lutou pela criação do Parque Yanomami.
Serviço Marcados Para 15 de março a 12 de junho
Entrada gratuita (Os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência e estão sujeitos à lotação do espaço)
Centro da Cultura Judaica: Rua Oscar Freire, 2.500 / (11) 3065-4333
03 março 2011
Marcados para morrer - fotografias de Claudia Andujar

Curadoria: Eduardo Brandão
“Aos treze anos tive o primeiro encontro com os “marcados para morrer”. Foi na Transilvânia, Hungria, no fim da Segunda Guerra Mundial. Meu pai, meus parentes paternos, meus amigos de escola, todos com a estrela de David (...).” (Claudia Andujar: os Marcados, Claudia Andujar, São Paulo, Cosac Naify, 2009).
Claudia Andujar começa assim o percurso intelectual que a levou, anos mais tarde, “a transformar o simples registro dos Yanomami na condição de “gente” – marcada para viver – em obra que questiona o método de rotular seres para fins diversos” (ibid).
A exposição Marcados para traz este questionamento dentro do Centro da Cultura Judaica apresentando esse registro dos Yanomami feito no inicio dos anos 80 e a transformação do mesmo, nos anos seguintes, em um trabalho que Claudia Andujar qualifica de “conceitual” e que continua se desenvolvendo até hoje.
Convidamos Eduardo Brandão, curador que acompanhou grande parte do desenvolvimento deste trabalho, para apresentar essa série e todos os seus desdobramentos (fotos, contatos, cadernos) criando um vínculo inesperado, através do olhar da fotógrafa, entre suas lembranças de infância, com judeus marcados para morrer, e seu ativismo em relação aos Yanomami, marcados para viver. Obs: Confira os roteiros de visita para grupo na seção “Para educadores”.
Data: De 15/03 a 12/06
Horário: 3ª a sábado, das 12h00 as 20h00, domingo das 11h00 as 19h00
Idade: Livre
Local: 1˚ andar
Informações no Centro da Cultura Judaica