Hoje, quando estava estudando pra dar minha aula sobre tipografia, como sempre fui ler as novidades sobre o assunto na internet. E me deparei com esse termo: sinestesia tipográfica - em um artigo da Márcia Okida. Se quiser ler é só clicar aqui "O Tipo que nos Veste".
Antes de eu falar sobre esse assunto, é legal tirarmos as dúvidas do que seria cinestesia e sinestesia. Sempre falo que ao projetar, o designer hoje deve conhecer muito bem o Homem (público), a Cultura (onde) e ser sensível à tudo e a todos, para que o projeto tenha sucesso, ou seja, cada vez mais atingimos as pessoas através das sensações e emoções: por inteiro!
Então vamos compreender melhor esses termos?
Cinestesia: é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão.
Segundo a teoria das múltiplas inteligências, a Inteligência corporal-cinestésica refere-se as habilidades que atletas e artistas (especialmente dançarinos) desenvolvem para a coordenação desejada de movimentos precisos necessários para a execução de sua técnicas.
Um problema sério no desenvolvimento dessa inteligência é que segundo Howard Gardner a maioria das escolas se satisfazem com desempenhos mecânicos, ritualizados ou convencionalizados, isto é, desempenhos que desenvolvem as habilidades apenas levando o aluno a repetir o que o professor modelou.
Uma das técnicas mais usadas para o desenvolvimento da cinestesia é vendar os alunos para que com a ausência da visão eles se focalizem na cinestesia no uso de suas técnicas. Outro recurso muito utilizado é o uso de um ou mais espelhos ao redor do aluno durante os exercícios ou filmar o treinamento para que a visão sirva como feedback de como estão sendo feitos os movimentos.
Ou seja... todos nós temos a inteligência cinestésica, alguns mais, outros menos, é a nossa capacidade de lidar com outras sensações, percepção e inteligência. Há aqueles que aprendem vendo, outros ouvindo, outros quando o tocam ou quando se mexem e etc.
Sinestesia: (do grego συναισθησία, συν- (syn-) "união" ou "junção" e -αισθησία (-esthesia) "sensação") é a relação de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o olfato. O termo é usado para descrever uma figura de linguagem e uma série de fenômenos provocados por uma condição neurológica.Exemplos de sinestesias:
- Vamos respirar o ar verde do outono (respirar e verde,junção de sentidos)
- Latitude de uma montanha consiste a uma pedra
- Figura de linguagem
Há certa confusão em relação aos termos cinestesia e sinestesia: o primeiro termo refere-se ao sentido muscular, a um conjunto de sensações que nos permite a percepção dos movimentos (Michaelis, 1998); o segundo termo refere-se a uma sensação secundária que acompanha uma percepção, ou seja, uma sensação em um lugar originária de um estímulo proveniente de um estímulo de outro (Michaelis, 1998 e Dorsch, 1976). Portanto, é importante termos em mente que o termo sinestesia empregado neste trabalho não se restringe à percepção do movimento e suas propriedades (peso e posição dos membros), mas engloba um conjunto geral de percepções e sensações interligadas por processos sensoriais.
E o que isso tem a ver com o design?
Pois bem, como o assunto é tipografia vamos aplicá-lo a ele. Já percebeu que quando escolhemos um tipo errado pro projeto, prejudicamos ou alteramos a sua identidade? Você ainda é daqueles que fica experimentando de forma aleatória a fonte que vai usar?
Tipografia é coisa séria, é uma arte, como já dizia Weingart, além de nos preocuparmos com a legibilidade, estética, funcionalidade, também devemos prestar atenção nas qualidades das tipografias.
Algumas são femininas, masculinas, infantis, glamurosas, engraçadas... e conseguem influênciar na identidade visual de qualquer projeto gráfico.
Como a Okida fala:
"O fato de uma fonte ser mais alta, baixa, condensada ou expandida também indica personalidade, uma maneira fácil pensar em comparações para dar personalidade às fontes é imaginar que — nos padrões gerais de estética e estilo e não nos moldes de gosto pessoal — as fontes são pessoas: as altas e magras são consideradas elegantes e leves, as pessoas maios gordinhas e baixinhas mais lentas e pesadas, as formas sinuosas da “mulher brasileira”, mais sensuais etc. Estes são detalhes de personalidades que podemos transferir as fontes. Podemos também fazer associações entre objetos e tipos buscando estas personalidades.
Seria possível associar características que indiquem tristeza, glamour, alegria, esoterismo, cultura, amor e tantos outros sentimentos.
Isso é o que chamamos de Sinestesia Tipográfica que, quando usada de modo correto, dá ao design que criamos uma maior personalidade, criatividade e identificação com tema, mercado ou público."
A Sinestesia Tipográfica, seria quando a tipo usada consegue atingir outras percepções do ser humano, através de sua forma, cor, transmitindo sensações e até uma mensagem, identidade, estilo? É isso? Hum... realmente, escolher uma tipo está bem sério.
Mas é isso sim, é o caminho que nossa comunicação está seguindo. O cinema já nos atinge em praticamente todas nossas inteligências, e percepções sensoriais, e o que não falar da arte e assim... do design.
Vale sempre lembrar do objetivo do design, da publicidade e de toda mídia comunicativa. Nem preciso dizer né?
Se interessou sobre o assunto? Dá uma lidinha nesse texto na Zupi!
Referências
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